Hoje, mais do que nunca, é inegável que ter acesso à informação significa ter acesso ao poder. É urgente que a escola desempenhe o seu papel de educar os futuros cidadãos através “de uma reflexão analítica sobre a produção e a gestão da informação no mundo”. Esta prática levará a uma educação para a cidadania, que contribuirá para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática. Com a irrupção das cadeias de informação na Internet, a informação tem cada vez mais tendência para a quantidade e para a rapidez. Esta situação só serve para reforçar a necessidade de práticas pedagógicas que forneçam aos alunos os elementos indispensáveis que lhes permitam compreender os atuais mecanismos da informação. Um trabalho sobre a informação será assim necessário à construção da cidadania futura das crianças de hoje.
É importante que as TIC ajudem a lembrar e a pôr em prática os princípios fundadores da escola democrática: a igualdade de oportunidades, a formação crítica dos futuros cidadãos e a adaptação das crianças à sociedade, nomeadamente no que respeita a inserção profissional. O simples fornecimento de equipamento informático às escolas não contribui automaticamente para atingir este objetivo. É necessário que o projeto político da introdução das TIC na escola encontre um consenso entre todos os intervenientes no processo educativo. Cremos que já ninguém tem dúvidas sobre a presença das TIC e a sua forte dimensão social. O desafio agora é de refletir sobre o lugar que elas ocupam e de perceber as funções que elas podem desempenhar.
As TIC deverão ser introduzidas logo a partir do pré-escolar, tendo em conta a idade dos alunos e a sua receptividade, que constituem um trunfo. Ensinar com as TIC deverá corresponder a uma prática educativa global, planeada, inserida numa ampla estratégia educativa centrada no aluno, tornando os alunos ativos e criativos, renovando as formas de acesso aos conhecimentos e oferecendo novas formas de aprendizagem. As condições de integração das TIC na escola não têm de ser, obrigatoriamente, as mesmas para todas as escolas. Numas poderão ser integradas nas salas de aulas, a fim de serem completamente introduzidas no quotidiano curricular dos alunos; noutras, poderão ser integradas no centro de recursos educativos, na biblioteca, podendo neste caso a sua integração ser orientada por um professor responsável ou por uma equipa. Em qualquer destes casos, ou noutro qualquer, cremos ser importante haver objetivos bem definidos, uma coordenação entre os centros de recursos educativos, centros de documentação, bibliotecas, clubes, todos devidamente articulados com as estruturas diretivas da escola, de modo a que todas as ações desenvolvidas estejam devidamente integradas num Projeto Educativo. Só com uma pedagogia de projeto será eficaz esta integração das TIC na escola. Em lugar de se partir de uma aprendizagem técnica, deverá partir-se da utilização que os alunos quiserem fazer tendo em vista um determinado objetivo. É claro que este projeto educativo deve ser entendido duma forma relativa, isto é, por projeto educativo, entende-se qualquer projeto seja da escola seja de turma seja dum clube, etc. com objetivos pedagógicos. O que é importante é que a exploração das possibilidades de aprendizagem que as TIC oferecem deverá ser baseada numa análise crítica do seu significado social e cultural. Muitos produtos multimídia não passam de bonitas embalagens de velhos conteúdos e de velhas pedagogias e alguns projetos de utilização da Internet têm mais a ver com o trabalho dos professores do que dos alunos.
Para todos os alunos as práticas pedagógicas que utilizam as TIC duma forma planeada e sistemática permitem:
- uma prática de análise e de reflexão, confrontação, verificação, organização, seleçãoe e estruturação, já que as informações não estão apenas numa fonte. As inúmeras informações disponíveis não significarão nada se o utilizador não for capaz de as verificar e de as confrontar para depois as selecionar. A recolha de informações sem limite pode muito bem provocar apenas uma simples acumulação de saberes.
- a abertura ao mundo e disponibilidade para conhecer e compreender outras culturas;
- a criação de sites (em colaboração com os colegas e professores da sua ou de outras escolas), a qual vai permitir que os alunos realizem um trabalho de estruturação das suas idéias; uma organização espacial; uma preocupação estética; uma pesquisa histórica, geográfica e cultural sobre a escola, o local e a região onde habitam e estudam; um registro de sons e imagens; uma tradução em várias línguas.
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